Combustíveis para o carro do futuro


Carlos Alberto dos Santos apresenta novidades nas pesquisas para a fabricação de automóveis menos poluentes: um carro elétrico em desenvolvimento no Brasil movido a uma bateria de sódio e a descoberta de um catalisador promissor que pode tornar realidade o uso do hidrogênio como combustível. 

O carro elétrico em desenvolvimento nos laboratórios da Itaipu Binacional é um dos exemplos de tecnologias brasileiras para minimizar a emissão de gases do efeito-estufa pelo setor automotivo (foto: CPDM-VE/ Itaipu Binacional). 

Há duas semanas, em companhia de colegas da Universidade Federal da Integração Latino-americana (Unila), visitamos o Laboratório de Carro Elétrico da Itaipu Binacional. A tecnologia do carro do futuro deverá buscar a meta de máxima redução de emissão de carbono ou, nas palavras dos mais otimistas, eliminar essas emissões. Não há dúvida de que o sistema de transporte urbano constitui enorme desafio para se alcançar esse objetivo.

A tecnologia do carro do futuro deverá buscar a máxima redução de emissão de carbono

Duas grandes linhas de pesquisa tecnológica despertam os maiores interesses da comunidade científica e dos meios empresariais. Ambas desembocam no carro elétrico, mas apresentam diferentes agentes propulsores.
De um lado, existem as células a combustível de hidrogênio, inventadas há mais de 170 anos e ainda não confeccionadas em condições economicamente competitivas. De outro, temos a recente tecnologia das baterias de tipo NiMH (hidreto metálico de níquel), utilizadas em automóveis desde 1997. Por trás de tudo isso está um operário-padrão do sistema propulsor: o supercapacitor, já apresentado neste espaço.
Seguindo a lógica do curso histórico, um pouco antes de investir em seu projeto de carro elétrico a bateria, a Itaipu Binacional associou-se à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e, por intermédio da Fundação Parque Tecnológico Itaipu, investiu em um programa de pesquisa para a produção de hidrogênio com um objetivo mais amplo, visando ao domínio tecnológico de energias renováveis.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é outra instituição que vem fazendo abordagens múltiplas para a produção do carro do futuro. O recente lançamento do seu ônibus a hidrogênio é a prova do seu sucesso.

Desafios técnicos e econômicos

A utilização de hidrogênio como propulsor automobilístico tem enfrentado alguns desafios técnicos e muitas dificuldades de natureza econômica. Fabricantes de automóveis ainda não estão satisfeitos com as células de combustível produzidas até aqui. Gostariam que fossem mais duráveis e baratas e que tivessem maior autonomia.

Além disso, há o dilema do ovo e da galinha. Os fabricantes alegam que falta a infraestrutura para o abastecimento, enquanto os empresários desse ramo apontam para a inexistência de uma quantidade de automóveis compatível com o investimento nessa rede de abastecimento.
Do ponto de vista tecnológico, o grande desafio tem sido a produção eficiente de hidrogênio a partir da água. A viabilidade econômica desse procedimento passa pela utilização de catalisadores baseados em elementos abundantes na crosta terrestre, um tema que vem despertando grande interesse da comunidade científica.

O grande desafio é a produção eficiente de hidrogênio a partir da água
Uma possibilidade aponta para um processo biológico que faz uso de enzimas conhecidas como hidrogenases. No entanto, essas enzimas são muito instáveis nas condições ambientais em que devem ser usadas. Por causa disso, muitos grupos de pesquisa passaram a investir em sistemas não biológicos.
A extensa literatura técnica referente ao uso de catalisadores metálicos mostra o peso desse interesse, mas eles são preparados com metais raros, como a platina, cujo alto custo torna a tecnologia proibitiva. Portanto, a comunidade científica continua à espera de catalisadores eficientes, baratos e que produzam grande quantidade de hidrogênio a partir de água. 

Jeffrey Long, Christopher Chang e Hemamala Karunadasa, os três pesquisadores que relataram no mês passado a descoberta fortuita de um catalisador promissor para a obtenção de hidrogênio a partir da água a custos razoáveis (foto: Roy Kaltschmidt / Berkeley Lab Public Affairs).

Serendipidade

 

Um passo à frente nessa questão foi apresentado em artigo publicado na conceituada revista Nature em 29 de abril por Hemamala Karunadasa, Christopher Chang e Jeffrey Long, da Universidade da Califórnia em Berkeley e do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, do Departamento de Energia dos EUA. O grupo afirma ter obtido resultados promissores de modo inteiramente ocasional, num típico caso de serendipidade.
Eles estavam em busca de moléculas organometálicas que apresentassem propriedades magnéticas características dos materiais magnéticos usuais. Para isso, misturaram alguns metais com compostos orgânicos do grupo PY5. Não vamos entrar no detalhe químico – você pode imaginar pela complexidade da fórmula desse ligante, algo como 2,6-bis(1,1-bis(2-pyridyl).
O fato é que, quando esse ligante foi misturado com molibdênio, resultando em um composto com nome (PY5Me2)Mo-oxo, os pesquisadores observaram uma extraordinária facilidade de transferência de elétrons. Sabendo que transferir elétrons entre átomos é o principal mecanismo que resulta na produção de hidrogênio, Karunadasa e seus colegas mudaram imediatamente de rumo. Saíram do magnetismo e foram para a eletroquímica.
É aqui que entre a serendipidade. O pesquisador preparado percebe a utilidade de um resultado inusitado em uma área diferente daquela em que está trabalhando.

O pesquisador preparado percebe a utilidade de um resultado inusitado em uma área diferente daquela em que está trabalhando
Mas o que esse catalisador tem de diferente em relação aos outros, para estabelecer um novo paradigma químico, como afirmam seus descobridores? Em primeiro lugar, ele dispensa a adição de cossolventes orgânicos e ácidos.
Além disso, é altamente ativo e estável em meios aquosos, e funciona com água do mar, com todas as impurezas que lá existem. A estabilidade é tão grande que a reação ficou durante três dias sem apresentar qualquer degradação. A frequência com que o hidrogênio é produzido também é muito alta – mais de dez vezes a frequência dos catalisadores usuais.
Finalmente, são baratos e fáceis de preparar. E por que é assim? A estabilidade se deve provavelmente ao fato de que o ligante fica preso ao molibdênio em cinco diferentes pontos. Ainda não se sabe se a invenção vai atingir a escala industrial com o mesmo sucesso apresentado no laboratório. O jogo está apenas começando.

Oficina de montagem do carro elétrico brasileiro desenvolvido pela Itaipu Binacional. O projeto da bateria de sódio usada nesse veículo já recebeu investimentos da ordem de 30 milhões de reais (foto: divulgação).

De volta ao Brasil

Enquanto o catalisador dos sonhos não se concretiza, convém não fechar os olhos para outras alternativas. O carro elétrico montado na Itaipu Binacional utiliza baterias de sódio, com autonomia equivalente às de lítio, e com a vantagem de utilizar um elemento químico abundante. A utilização de supercapacitores possibilita a utilização de energia liberada durante as frenagens.
E há competidores de peso nessa jogada, como a General Electric, que desde 2009 vem desenvolvendo baterias de sódio, com investimento inicial superior a R$ 200 milhões. Embora bem inferior a este montante, o investimento na Itaipu é significativo. Com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a empresa está investindo R$ 30 milhões em pesquisa e desenvolvimento de uma bateria de sódio.


Fonte: Ciência Hoje Online

Mata Atlântica teve área equivalente a metade de Curitiba desmatada em dois anos

No período de 2008 a 2010, a Mata Atlântica sofreu um desmatamento equivalente a metade do município de Curitiba, no Paraná, ou 20.867 hectares de cobertura florestal nativa. É o que mostra pesquisa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgada nesta quarta-feira (26).
Os dados parciais do do “Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica”, levantados com patrocínio da Bradesco Cartões, foram divulgados na véspera do Dia Nacional da Mata Atlântica.
Foram analisados 72% da área total do Bioma Mata Atlântica, nos Estados de Goiás, Minas Gerais (avaliado em 80%), Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul (avaliado em 80%), Paraná (avaliado em 90%), Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Os Estados do Nordeste ainda não puderam ser incluídos nesta atualização devido aos elevados índices de cobertura de nuvens e a previsão é que seus dados sejam divulgados até o final deste ano.

Estados mais críticos

Entre os nove Estados analisados, os que possuem desflorestamentos mais críticos são Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, que perderam 12.524 hectares, 2.699 hectares e 2.149 hectares, respectivamente.
Em seguida, estão os desflorestamentos de 1.897 hectares no Rio Grande do Sul, 743 hectares em São Paulo, 315 hectares no Rio de Janeiro, 161 em Goiás, 160 no Espírito Santo e 154 hectares no Mato Grosso do Sul.

No que se refere ao desmatamento dos ecossistemas costeiros, dos nove Estados avaliados, São Paulo foi o único a perder 65 hectares de vegetação de restinga.
Em Minas Gerais, a taxa de desmatamento anual aumentou em 15%: no último levantamento, a taxa anual de desflorestamento no Estado era de 10.909 hectares, e os dados de 2008-2010 apontam uma taxa de desmatamento de 12.524 hectares.

Minas Gerais possuía originalmente 46% do seu território (ou 27.235.854 ha) cobertos pelo Bioma Mata Atlântica, e agora restam apenas 9,64% do bioma, ou 2.624.626 hectares, no Estado. A equipe da Fundação ressalta que o índice pode ser ainda maior, já que Minas Gerais teve apenas 80% de sua área avaliada.

No Paraná, apesar de o desflorestamento ainda continuar, a taxa anual de desmatamento diminuiu em 19%: de 3.326 hectares no período de 2005-2008, para 2.699 hectares no período de 2008-2010. O Paraná possuía 98% de seu território (ou 19.667.485 hectares) no bioma, e agora possui 10,52% (2.068.985 hectares).

Santa Catarina diminuiu a taxa de desmatamento em 75%: de 8.651 hectares, o desflorestamento caiu para 2.149 hectares. Santa Catarina está inserido 100% no Bioma Mata Atlântica (9.591.012 hectares), e hoje restam apenas 23,37%, ou 2.241.209 hectares.
Já o Rio Grande do Sul aumentou a taxa de desmatamento anual: desflorestou 83% a mais. A taxa, que era de 1.039 hectares/ano no período de 2005-2008, passou para 1.897 hectares. O Estado possuía 48% do seu território (ou 13.759.380 hectares) no Bioma, e hoje restam apenas 7,31% (1.006.247 hectares).

Segundo a Fundação, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo são áreas críticas para a Mata Atlântica, pois são os Estados que mais possuem remanescentes florestais em seus territórios e acabam trazendo grandes desmatamentos em números absolutos. 

Fonte: Ciência e Saúde - UOL

Novo teste identifica 6000 doenças genéticas nos tratamentos de Fertilização

Cientistas ingleses descobriram um novo teste para ser aplicado nos embriões formados nos tratamentos de Fertilização In Vitro que melhora o diagnóstico de doenças genéticas hereditárias (mutações gênicas). Até hoje os diagnósticos pré-implantacionais só eram realizados através do exame PGD (Pré implantation Genetic Disease) que avaliava só algumas doenças ligadas aos cromossomos 13 (Síndrome de Patau), 18 (Síndrome de Edwards), 21 (Síndrome de Down), X e Y (doenças ligadas aos cromossomos sexuais) e da técnica PCR (Polimerase Reaction Chain), um exame tecnicamente difícil, que identifica alterações genéticas em situações específicas.

Esta nova tecnologia que tem também o nome de uma sigla em inglês – PGH (Preimplantacional Genetic Haplotyping) foi desenvolvida no Centro de Diagnósticos de Doenças Gênicas do Hospital Guy’s e St. Thomas em Londres coordenado pelo professor Peter Braude e Dra. Pámela J. Renwick e aumenta o número de doenças genéticas que podem ser diagnosticadas. Através deste exame diferente dos anteriores e mais simples, até 6000 doenças gênicas podem ser identificadas.

Esta técnica foi apresentada no 22º Congresso Europeu de Reprodução Humana realizado em Praga no último mês de junho. Segundo Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi, especialista em Reprodução Humana e presente neste Congresso o teste, inicialmente é igual ao PGD e ao PCR, pois se retira uma célula do embrião no 3º dia de desenvolvimento, ainda no laboratório, pouco antes de ser implantado no útero. O embrião deste dia deverá ter 8 células. O DNA desta célula é retirado e passa por um processo de multiplicação (milhões de vezes). Neste mesmo momento o sangue de uma das pessoas da família que é portadora da doença é analisado e o DNA é comparado com o do embrião. Com esta comparação, semelhante a uma impressão digital específica para cada doença, identifica-se a presença da doença. Somente os embriões saudáveis serão transferidos para o útero, por não terem o par gênico herdado dos pais. Assim o casal não terá uma criança com este problema de saúde.

O Hospital Guy’s e St Thomas aplicou este exame em doenças graves como a Síndrome do Cromossomo X frágil e a Distrofia muscular de Duchenne, mas segundo Dr. Cambiaghi pode ser aplicado em outras doenças genéticas como a Coréia de Huntington, Anemia Falciforme, a Fibrose Cística. Esta última é uma doença hereditária recessiva. Ela pode estar presente no pai ou na mãe, sem apresentar sintomas, entretanto se o bebê herdar este gen dos dois, poderá desenvolver a doença que afeta órgãos vitais como pulmão e pâncreas e não tem cura, além de encurtar o tempo de vida média para ao redor dos 30 anos. Só na Inglaterra mais de 2 milhões e 300 mil pessoas carregam esse gen e 7.500 são afetadas por esta doença. No Brasil a estimativa é que existam 1.500 pessoas que sofrem dessa patologia.

Segundo Dr. Cambiaghi com esse exame outras síndromes podem ser diagnosticadas. Entre elas: deficiência de aminase adenosina, deficiência de alfa-1-antitripsina, fibrose cística, anemia de Fanconi, doença de Gaucher, hemofilia A e B, doença de Coréia de Huntington, distrofia miotonica, neurofibromatose tipo 1, fenilcetonúria, retinoblastoma, retinite pigmentosa.

A seguir detalhes das principais.

Doença de Huntington (Coréia de Huntington)
É uma doença genética (hereditária) que pode ser transmitida de uma geração para outra. As alterações genéticas está no cromossomo 4. É um gen dominante e a doença na grande maioria se desenvolve na meia idade. A doença afeta 5 a 10 pessoas a cada 100 mil não havendo diferença entre sexo e raça. Existe 30.000 pessoas na América do Norte e 150.000 tem risco de ter a doença. No Brasil estima-se que o número de portadores é semelhante devido a miscigenação das raças. Os principais sintomas são abalos e movimentos musculares involuntários e bruscos que ocorrem nos membros. O paciente tem dificuldade em falar, engolir e tem caminhar desordenado. Depressão, apatia e irritabilidade são comuns.

Fibrose cística
Também chamada de Mucoviscidose é uma genética não contagiosa que até o momento não tem cura. Estimativas do Ministério da Saúde indicam que no Brasil a proporção de quatro crianças doentes para cada 10 mil nascidas vivas é 1,5 mil pessoas sofrerão desta doença. É uma doença letal, genética recessiva mais comum na raça branca. A média de vida no Brasil é de 14 anos e nos Estados Unidos 32 anos. Os sintomas mais comuns são tosse, catarro, chiado no peito, diminuição do peso, diarréia e suor, mais salgado do que o normal. A alteração está no cromossomo 7. Atualmente existem 1000 mutações do gen responsável por esta doença.

Síndrome do X-Frágil (Doença de Tay Sachs)
Tem este nome pelo fato da anomalia genética estar situada no cromossomo X que passa a apresentar falha em uma de suas partes. O indivíduo com esta síndrome tem aparência normal e pode ser acometido desde dificuldades no aprendizado até um profundo retardo mental. No Brasil não há estatísticas formais mas não é considerado uma doença rara. Estima-se que 1 em 2000 homens são afetados por esta mutação e 1 em 4 mil mulheres.



Tudo que queria saber sobre engenharia genética e ninguém deixou.. VI

Promotores

Mesmo quando o pacote do gene foi introduzido em uma região ativa, o gene do traço pode expressar-se fracamente ou em graus variados (isto é, a produção da proteína correspondente não é suficiente nem estável). Portanto, para assegurar-se de que o gene do traço se expresse persistentemente, um promotor é adicionado ao pacote de inserção.

Os promotores são partes naturais dos cromossomos. Sua função é realçar a atividade de um determinado gene. Normalmente estão sob o controle dos genes reguladores que os ligam e desligam. Mas na engenharia genética os reguladores correspondentes não estão normalmente presentes porque o promotor vem de uma outra espécie. Isto significa que o promotor exercerá sua influência estimulando forte e persistentemente o gene do traço. Isto é basicamente artificial porque as atividades de todos os genes são reguladas normalmente em resposta às condições na célula. Significa que o sistema de ajuste fino do equilíbrio celular
está permanentemente alterado a este respeito.

O promotor usado, geralmente em plantas geneticamente projetadas, é o promotor do vírus do mosaico da couve-flor (CaMV). É um promotor forte que tem uma elevada compatibilidade com as espécies. Um problema potencial, entretanto é que o ADN do vírus do promotor pode se combinar com outros vírus infectantes criando novos vírus ".

Além disso, o efeito do promotor CaMV pode não estar sempre limitado ao gene pretendido. Sua influência forte pode ativar os genes vizinhos, causando complicações não pretendidas e inesperadas inclusive, no pior caso, a produção de substâncias perigosas.
 
Genes de penetração em barreiras

A célula tem a habilidade de identificar os genes que são estranhos à espécie. Há fortes mecanismos que impedem que tais genes se combinem com o genoma. Eles destroem genes estranhos, impedem sua replicação, ou cortam e inativam um gene não reconhecido que possa se introduzir. Isto é chamado de "barreira da espécie". Esta barreira é uma dificuldade principal na engenharia genética. Para superá-la, a tecnologia do gene inventou várias combinações de genes que têm a habilidade de promover a penetração na barreira da espécie. Consistem em genes de vírus ou de bactérias que facilitam a inserção de genes estranhos no ADN de um anfitrião novo.

Uma complicação importante é que estes genes podem se espalhar na natureza e contribuir para aumentar as transferências entre as espécies. Sugere-se que isto pode promover o emergência of novas bactérias, veja "Horizontal transfer of viral and bacteria ADN facilitated by GE organisms?". Outra complicação é que os vírus inseridos nos genes podem se recombinar com vírus infectantes e gerarem novos vírus e, portanto novas doenças, veja em New viruses may be created in GE-crops".
Imprevisível
A aleatoriedade da inserção torna impossível predizer seus efeitos. Mesmo que a localização do gene inserido seja conhecida. Os conhecimentos em biologia molecular são muito incompletos para se poder predizer os efeitos da inserção, veja "Knowledge of the hereditary substance, ADN, is very limited". A engenharia genética, de fato, é baseada numa teoria obsoleta sobre os genes, que subestima as conseqüências da inserção de um gene em um ambiente inteiramente novo. Ela desconsidera que há muito mais interdependência entre os
genes do que se supunha. Isto impossibilita considerar um gene como um simples transportador de um traço específico. Na verdade, o mesmo gene pode ter diferentes efeitos em ambientes diferentes, veja "The outdated basis of genetic engineering".

Ademais, há fatores adicionais que contribuem para a imprevisibilidade. Um deles é que o promotor não somente influencia a atividade do gene inserido, mas também promove a atividade de genes adjacentes do receptor. Isto pode provocar desequilíbrios metabólicos importantes que podem gerar substâncias danosas inesperadas.

A inserção de seqüências de instruções genéticas estranhas na ajustada sincronia da genética do organismo receptor pode romper o controle fino sobre outros processos metabólicos exercido pelo ADN. Isto pode gerar substâncias danosas inesperadas. Veja mais em "Why unpredictable substances may appear". 
 
Conclusão

A tecnologia dos genes ainda é, atualmente, um método muito imperfeito de mudar a configuração genética de um organismo. Está baseada na suposição incorreta que os genes são meros transportadores de propriedades específicas. Na verdade, as propriedades geradas por um gene são decidias pela interação com o seu meio ambiente, portanto, é impossível “transferir propriedades” de uma espécie a outra de forma previsível através da engenharia genética. A inserção de genes é ao acaso e, como o efeito de um gene depende do ADN de sua vizinhança, isto leva a resultados imprevistos. Ademais, o conhecimento em
biologia molecular é ainda muito incompleto para torná-la apta a prever os efeitos de um gene inserido, mesmo que se saiba o exato local de inserção. Para se obter a inserção bem sucedida de um gene é necessário inserir outros genes o que aumenta a imprevisibilidade. Estes genes adicionados no “pacote de inserção” podem dar origem a problemas muito sérios inclusive a criação de novos vírus e bactérias.

Portanto a engenharia genética não é simplesmente a adição de algum “traço desejado” como pretendem os defensores da biotecnologia. É a inserção aleatória de um conjunto de genes estranhos ou de fragmentos de genes, dos quais um apenas é o gene do “traço desejado”. É impossível, atualmente, introduzir apenas o “traço desejado” de espécies estranhas ao receptor. Na verdade tais manipulações genéticas têm efeitos imprevisíveis no organismo tanto quanto um potencial de problemas para o meio ambiente.
 
Fonte: Physicians and Scientists for Responsible Application of
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Tudo que queria saber sobre engenharia genética e ninguém deixou.. V

Como os genes são projetados?

Introdução

Um gene é constituído em média por 3000 "códigos-silabas", e é uma parte da informação genética razoavelmente grande para ser transferida.

1. O gene desejado é extraído do ADN da célula fornecedora. As técnicas especiais que são usadas, não importam no momento.

2. Um gene é demasiadamente pequeno para ser introduzido com algum tipo do microcirurgia, conseqüentemente, algum portador ("vetor") é requerido para introduzir o gene na célula e no ADN do receptor.

Métodos para a inserção do gene

Diferentes meios são usados para carregar o gene desejado com o material da hereditariedade. Para plantas, o método o mais comum é o uso de uma bactéria, Agrobacterium tumefasciens. Este método é, entretanto, inútil para cereais. Para esses é usada a inserção com um "canhão de genes" ou micro-injeção. Para animais são usados determinados vírus. Estes métodos serão descritos adiante.

1. Bactérias como portadores do gene

As bactérias, como a conhecida Agrobacterium tumefasciens, têm a habilidade de induzir um tipo de tumor benigno na planta que infecta. Isto ela consegue introduzindo alguns de seus genes no ADN da planta. Na engenharia genética, o gene que se quer introduzir é enganchado ao ADN bacteriano. As células receptoras são então expostas à bactéria, de modo que se tornem infectadas. O ADN bacteriano com o gene projetado é introduzido no ADN do receptor.

2. Vírus como portadores do gene

Os vírus são partes de ADN encapsulados num escudo de proteína. Na infecção, o ADN viral se incorpora à célula e liga-se ao núcleo. Lá o ADN do vírus força a célula a fazer milhares de cópias do vírus. Os vírus usados para transferência do gene são modificados de modo não induzirem a célula a copiá-los. Introduzirão o ADN desejado no ADN do receptor de maneira similar como a Agrobacterium tumefasciens na bactéria. Junto com ele alguns genes do vírus também são introduzidos.

3. Métodos mecânicos

O canhão de genes
Usam-se grânulos ouro muito pequenos como esferas do canhão. O gene desejado "é colado" sobre à superfície da esfera. A esfera é então disparada no núcleo da célula.

Micro-injeção
Uma solução com o gene desejado é injetada na célula.

Entediante e caro
O que os métodos de inserção têm em comum é a impossibilidade de se controlar onde o gene se unirá. É um procedimento completamente aleatório. Assim o ADN introduzido pode ser enganchado no ADN do receptor em qualquer lugar. É uma questão de sorte se acontecer de unir-se na pequena parte do ADN ativo, e mesmo assim há o risco de que a inserção tenha ocorrido em tal lugar que o resultado venha a ser um organismo desfigurado, fraco ou tendente a adoecer (fato que é observado freqüentemente).

A engenharia genética é, portanto, um procedimento entediante e muito caro. Somente uma proporção pequena de todas as tentativas resultará em um organismo que pareça "substancialmente equivalente" com as contrapartes naturais. Mas mesmo assim ele pode ter uma anormalidade química perigosa à saúde daqueles que o comem. O problema é que não há nenhum método inteiramente confiável para detectar tais substâncias perigosas. E os métodos existentes para testar a segurança são muito caros e consomem muito tempo. 

Eis porque a indústria da biotecnologia vem se esforçando tanto para convencer os legisladores a considerarem a engenharia genética como apenas uma variação da reprodução natural. Sendo assim, podem acusar as autoridades de injusta discriminação com seus produtos. Se os alimentos oriundos dos organismos convencionalmente produzidos não precisam ser testados, porque os alimentos dos organismos produzidos com a engenharia genética devem sê-lo? Infelizmente, num primeiro confronto, a indústria foi bem sucedida com esta estratégia, pois conseguiu que os legisladores acreditassem que não há nenhuma diferença importante entre a engenharia genética e a reprodução convencional. Esta reivindicação não tem, entretanto nenhuma base científica, (veja em "A Reprodução convencional é fundamentalmente diferente da engenharia genética?". E mais, as diferenças são tão importantes que se forem negligenciadas, os consumidores estarão expostos a sérios riscos potenciais à saúde.

O problemático “pacote de inserção"

Os proponentes da biotecnologia não mencionam que o gene desejado é raramente introduzido sozinho. Para fazer uma inserção bem sucedida e eficaz,  outros genes, tirados de vários organismos, inclusive vírus, plantas ou bactérias são necessários serem adicionados ou não. Além dos genes do portador, mencionado acima, há outras categorias importantes de ADN que geralmente são adicionadas no “pacote de inserção". Estes são em geral genes marcadores, promotores e genes de penetração na barreira da espécie.

Marcadores

Não há nenhuma maneira de se prever que a inserção foi bem sucedida, por isso algum tipo de "gene marcador" é usado junto com o gene desejado. O sucesso da inserção é testado adicionando-se algum antibiótico à cultura da célula receptora.

A idéia é descobrir quais as resistentes ao antibiótico. As células que sobrevivem à exposição ao antibiótico são aquelas que carregam um gene da resistência introduzido com sucesso. Então, provavelmente, o gene desejado foi introduzido também. O marcador mais comum é de um gene que confere resistência à kanamicina, um antibiótico que pertence a um valioso grupo de antibióticos. Mesmo que hoje se o próprio não seja muito usado, relaciona-se com outros antibióticos valiosos, e há uma tendência para a resistência. A resistência à kanamicina pode também conferir resistência a seus parentes. Um outro marcador, usado no milho “Basta”
da Novartis, é um gene que confere resistência à ampicilina, um antibiótico de grande valor e muito usado.

Suspeita-se que os marcadores de antibióticos dos genes podem conduzir a um aumento das bactérias que são resistentes aos antibióticos. 
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Fonte: Physicians and Scientists for Responsible Application of
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Tudo que queria saber sobre engenharia genética e ninguém deixou.. IV

Uma introdução simples à engenharia genética.

Sobre os genes

Os genes estão no cerne da vida. Juntos constituem o mapa de um organismo. Na linguagem computacional eles são o programa mestre da vida. Decidem todas as propriedades e todas as potencialidades de um organismo.

Em termos biológicos este programa mestre é a essência da hereditariedade, o cromossoma. É constituído por cadeias das chamadas moléculas de ADN que carregam "as palavras código" ou instruções do programa mestre. Há um jogo idêntico deste programa mestre em cada célula. Por exemplo, uma planta de milho tem aproximadamente um bilhão de células, cada uma com um jogo deste programa mestre. Em partes diferentes das plantas, partes diferentes do programa estão ativas, criando estruturas diferentes como as folhas, sementes
e a raiz. A célula é como uma enorme rede de computador, muito maior do que qualquer criação humana. A ciência tem uma compreensão muito incompleta como estes bilhões dos programas mestres podem cooperar numa maneira muito harmoniosa e eficazmente coordenada.

Engenharia genética

Engenharia genética significa a manipulação deste programa mestre. Os genes, geralmente de espécies totalmente diferentes, são introduzidos "no programa mestre " uns dos outros. Os genes, por exemplo, de peixes, escorpiões, bactérias e s vírus foram introduzidos em plantas alimentícias pelos projetos da engenharia genética.

O método da engenharia genética é tão primitivo que é impossível se decidir de antemão onde os genes introduzidos se situarão no programa mestre. O efeito de um gene é extremamente dependente das propriedades de seus genes vizinhos. Esta é uma das muitas razões porque o resultado da inserção artificial do gene (engenharia genética) é impredizível. É um fato científico estabelecido que tal manipulação pode, no pior dos casos, conduzir à criação de substâncias prejudiciais, assim como outros distúrbios inesperados.

O conhecimento sobre genes é muito incompleto

O conhecimento sobre o programa mestre é ainda muito incompleto. Realmente somente 2 a 3 por cento deles são assim chamados de genes. Suas funções são razoavelmente bem conhecidas. A função e a finalidade dos 97 a 98 por cento restantes são pouco sabidas.
Da genética sabe-se bem que mudar apenas uma pequena palavra de código no programa mestre pode significar a diferença entre a saúde e uma doença hereditária mortal. Os genes são muito poderosos. Não é uma coincidência que grande parte dos membros da Physicians and Scientists for Responsible Application of Science and Technology, é de peritos em computadores. Eles sabem que a adição de apenas uma "sílaba do  código" (código binário) pode ser desastrosa em um programa de computador. A inserção aleatória dos genes, como feita na engenharia genética, não adiciona apenas uma sílaba, mas muitos milhares de silabas no código. É óbvio a um cientista de computador ser absolutamente vital dominar completamente o programa a fim poder fazer uma mudança útil de maneira confiável. Por alguma razão obscura, isto não é infelizmente óbvio aos investigadores da biotecnologia.
 
Estão manipulando genes embora estejam muito longe de dominar o "programa genético".
Sabe-se muito pouco para justificar o uso comercial Achamos irresponsabilidade usar a engenharia genética para finalidades comerciais neste estágio do conhecimento muito incompleto sobre os seus efeitos. Especialmente quando substâncias prejudiciais podem ser geradas. Também, pouco é sabido do que os genes manipulados liberados na natureza podem fazer ao meio ambiente.

Conclusão

É um fato inegável que a ciência sabe pouco sobre os efeitos da engenharia genética para poder predizer e dominar as conseqüências. Logo, a engenharia genética tem que ser confinada aos laboratórios fechados até que a ciência saiba o que está fazendo. Usando-a para alimentos, neste estágio, significa um risco inevitável para efeitos inesperados e potencial prejudicial para a saúde humana e o meio-ambiente.

Continua...

Fonte: Physicians and Scientists for Responsible Application of
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Tudo que queria saber sobre engenharia genética e ninguém deixou.. III

A engenharia genética é baseada em uma idéia ultrapassada. A suposição chave da engenharia genética é que você pode "costurar" organismos adicionando genes com propriedades desejáveis. Mas a ciência descobriu que os genes não trabalham como portadores isolados das propriedades. Ao invés os efeitos de cada gene são o resultado da interação com seu ambiente. 

A situação é sumariada por Dr. Craig Venter:
 
"Na língua diária a conversa é sobre um gene para isto e um gene para aquilo. Nós estamos descobrindo agora que isso é raramente assim. O número dos genes que trabalham desta maneira pode quase ser contado nos dedos, porque nós somos construídos dessa maneira."
"Você não pode definir a função dos genes sem definir a influência do ambiente. A noção que um gene é igual a uma doença, ou que um gene produz uma proteína chave, está sendo atirada pela janela."

( Dr. J. Craig Venter, cientista do ano (2000). President of the Celera Corporation. Dr. Venter é
reconhecido como um dos mais importantes cientistas do mundo pelo trabalho na elucidação dogenoma humano.)

Fonte: Times, Monday February 12, 2001 "Why you can't judge a man by his genes"
http://www.thetimes.co.uk/article/0,,2-82213,00.html
 
 
Conclusão

Tecnicamente a engenharia genética é a inserção artificial de uma seqüência estranha de código genético no meio de uma seqüência ordenada do código genético de um receptor, que levou milhões de anos para evoluir. Além disso, construções genéticas artificiais poderosas são adicionadas tendo potencialmente efeitos problemáticos. Isto é uma profunda intervenção com conseqüências imprevisíveis.

Até hoje, organismos vivos evoluíram muito lentamente, e novas formas tiveram bastante tempo para se consolidarem. Hoje proteínas inteiras serão transpostas da noite para o dia em associações inteiramente novas, com conseqüências que ninguém pode predizer, seja para o organismo receptor ou seus vizinhos... Ir adiante, nesta direção não será somente imprudente, mas perigoso. 

“Potencialmente, podem surgir novas doenças em animais ou plantas, novas
fontes de câncer ou novas epidemias.”

Dr. George Wald.
Prêmio Nobel em medicina de 1967. Higgins Professor of Biology, Harvard University.
(Fonte: 'The Case against Genetic Engineering' by George Wald, in The Recombinant ADN Debate,Jackson and Stich, Eds. P. 127-128. ; Reprinted from The Sciences, Sept./Oct. 1976 issue)

Continua...

Fonte: Physicians and Scientists for Responsible Application of
Science and Technology - A Global Network -

http://www.psrast.org/

Cientistas descobrem novas espécies bizarras em Papua


Cientistas acreditam ter fotografado novas espécies de animais durante uma expedição à província de Papua, na Indonésia.
As descobertas foram registradas nas florestas da montanhas Foja, uma região no oeste da ilha de Nova Guiné intocada pelo homem há milhares de anos e conhecida como "mundo perdido".
Entre as novas espécies está um sapo que já foi apelidado de "Pinóquio", por sua característica de levantar o nariz ao coaxar, um rato peludo que gosta de se pendurar em árvores, uma lagartixa de cabeça alongada e dedos curvados, um morcego que se alimenta de flores e um pequeno canguru que está sendo considerado o menor membro da família no mundo.
A equipe de cientistas da organização ambiental Conservation International foi financiada pelas organizações National Geographic, Smithsonian Institute e o instituto de ciências da Indonésia (Lipi).
As descobertas foram anunciadas uma semana antes do Dia Internacional da Biodiversidade.
Segundo a Conservation International, o ritmo das extinções de espécies no mundo está entre cem e mil vezes além do considerado "normal" - uma taxa preocupante que, para a ONG, expõe a ameaça ao futuro da biodiversidade do planeta.

Fonte: BBC Brasil

Descoberta da primeira Aranha Vegetariana

Espécie rouba minúsculos pedaços de plantas de formigas que vivem em árvores!

Foto por Reprodução
A Bagheera kiplingi é a única das cerca de 4.000 espécies de aranhas conhecidas que sobrevive baseada numa alimentação herbívora.


Um grupo de estudiosos americanos descobriu a primeira espécie de aranha vegetariana do mundo, que rouba alimentos de formigas localizadas em árvores.

A Bagheera kiplingi é a única das cerca de 4.000 espécies de aranhas conhecidas que sobrevive baseada numa alimentação herbívora. Ela é do tamanho de um dedo polegar e foi identificada pela primeira vez em 1896. Recentemente. houve a revelação de que 90% de sua dieta é composta for folhas.

O animal vive principalmente em árvores de acácia no México e na Costa Rica e apresenta uma maneira diferente de obter alimentos. Enquanto as aranhas comuns fazem teias para caçar ou atacam sua presa de maneira direta, a espécie vegetariana costuma roubar pedaços minúsculos de plantas de formigas.

Christopher Meehan, da Universidade do Arizona, e seus colegas analisaram a estrutura química do corpo das aranhas a fim de identificar a fonte de seu alimento. Oswald Schmitz, um especialista da aranha na Universidade de Yale, disse à revista americana The Scientist que essa dieta vegetariana é positiva para esses animais.

- É muito complicado para as aranhas por que o sucesso durante a captura de outros animais como alimentos é bastante baixo.

Meehan conta que uma dieta vegetariana pode também incentivar as aranhas a ter uma cooperação territorial porque famílias inteiras partilham os ninhos onde estão as folhas e os machos defendem esses locais de ataques de formigas.

Fonte: Biologia ao extremo

Descobeta do Caranguejo-Morango em Taiwan

Nome científico da nova espécie é ‘Neoliomera pubescens’.
Crustáceo vive na região costeira ao sul do país.

Fotos divulgadas nesta terça-feira (5) pela Universidade Nacional de Oceanografia de Taiwan mostram uma nova espécie de caranguejo, o Neoliomera pubescens. Um biólogo marinho anunciou ter descoberto o crustáceo na costa sul do país. Com pequenas protuberâncias brancas pontilhando a carapaça vermelha, o caranguejo lembra um morango. (Foto: National Taiwan Ocean University/AP)

 

Fonte: G1


Orquídea recebe proteção policial na Grã-Bretanha

Um dos últimos exemplares da planta atrai a cobiça de colecionadores.

Policiais para proteger uma planta? Faz sentido, já que essa orquídea é um dos últimos exemplares selvagens e colecionadores estão dispostos a pagar preços de “chifre de rinoceronte” por suas flores.

Essa é a situação da orquídea Cypripedium calceolus. Existem apenas algumas flores silvestres da Grã-Bretanha após décadas de perda de hábitat por causa do desenvolvimento imobiliário e da coleta de exemplares por colecionadores de orquídeas. O último exemplo de floração da planta em estado selvagem na Grã-Bretanha está no Silverdale Golf Club, em Carnforth, onde é visitada por centenas de entusiastas de planta a cada ano. A polícia britânica intensificou a proteção dessa espécie, pois já ocorreram duas tentativas de roubo.

Em 2004, um colecionador tentou arrancar a orquídea, mas escapou com apenas pequena parte. Em junho passado, outro ladrão cortou um grande segmento da planta, deixando para trás apenas seis flores.

A polícia de Lancashire não vai permitir isso novamente. As medidas de segurança criadas para proteger a planta incluem patrulhas a pé e uma etiqueta de segurança química que ajuda a identificar eventuais cortes. O departamento de polícia criou um sistema de circuito fechado de TV 24 horas de para acompanhar a planta, a um custo de £ 5 mil (US$ 7.450).

Como essa planta é muito rara no Reino Unido, nunca ocorreu a polinização natural. A propagação deve ser realizada manualmente, uma tarefa extremamente delicada. A planta ainda existe em estado selvagem na Europa continental, mas as espécies não suportam bem um transplante, fazendo com que as tentativas de importação para o Reino Unido sejam impossíveis.

Duncan Thomas, oficial de fauna silvestre na força policial de Lancashire, disse ao Daily Telegraph que “essa espécie de orquídea é extremamente importante, tendo sobrevivido por mais de uma centena de anos, quando a espécie foi considerada extinta no Reino Unido". As pessoas viajam de todos os cantos do país, em quase uma peregrinação para ver a flor dessa planta.

Todas as tentativas disseminar orquídeas que crescem em estado selvagem na Grã-Bretanha até agora falharam, apesar de cortes exatos e da criação em estufas.
 

Fonte: Scientific American

A vida secreta das trufas V

Elas não apenas servem aos gourmets, mas desempenham papel essencial na saúde dos ecossistemas

Pensando no futuro, os cultivadores poderiam possivelmente aumentar sua renda se substituíssem as trufas gourmet pelas Rhizopogon. As fazendas de pinheiros natalinos, na área noroeste do Pacífi co, por exemplo, também poderiam produzir deliciosas trufas brancas do Oregon, Tuber gibbosum. Entretanto, até agora, as tentativas de inocular as árvores com essa espécie de trufas produziram resultados inconsistentes. Enquanto isso, um dos autores, Claridge, vinha usando as trufas para ajudar a determinar o tamanho das populações de animais ameaçados de extinção no sudeste da Austrália – prerrequisito para desenvolver programas efi cientes de proteção ou recuperação dessas espécies. Utilizando almofadas de espuma embebidas em azeite com compostos aromáticos da trufa negra europeia de Périgord (a predileta dos seres humanos), atraiu os potorus e outros marsupiais que adoram trufas para as estações onde são fotografados por câmeras digitais sensíveis ao movimento. Essa abordagem lhe permitiu detectar 50 vezes mais desses animais que os contados pelo método tradicional de armadilha de gaiola.

Se as taxas de sucesso são tão altas assim com o azeite importado de trufas, utilizado por ser mais fácil de comprar, quais seriam os resultados se no teste fosse usado o aroma das trufas australianas ativas? A resposta a essa questão é prioridade essencial para a equipe. Com o intuito de proteger esses marsupiais ameaçados e outros animais que comem trufas regularmente, os conservacionistas terão de assegurar a disponibilidade de seu alimento. Esse arranjo se aplica não apenas aos animais que dependem diretamente das trufas, como também aos seus predadores. Dessa forma, restaurar o hábitat da ameaçada coruja Strix accidentalis caurina, no noroeste do Pacífi co, significa atender às necessidades da presa primária dessa ave, ou seja, o esquilo-voador-do-norte, que se alimenta principalmente de trufas.

Domesticação das Trufas

Embora em décadas recentes pesquisadores tenham aprendido muito sobre a ecologia das trufas, a ciência de seu plantio pouco mudou desde os anos 60, quando os cientistas franceses desenvolveram uma técnica de estufa para adicionar esporos da trufa negra de Périgord ao composto de mudas de carvalho e de aveleiras, que mais tarde foram transportadas para áreas adequadas para formar as plantações de trufas, ou truffières. Em condições ideais, as truffières podem chegar a produzir uma safra em quatro a cinco anos. Nos anos 80, após inúmeras tentativas frustradas, truffières semelhantes foram afinal estabelecidas nos Estados Unidos. Atualmente, o plantador de trufas mais produtivo da América do Norte é Tom Michaels, da Tennessee Truffles. Ex-aluno de Trappe, Michaels produziu a impressionante quantidade de 100 quilos de trufas de Périgord na safra 2008-2009. Para obter esses resultados, ele cuida bem do solo, adicionando calcário o ano todo para mantê-lo friável e bem drenado. Nova Zelândia e Austrália também obtiveram sucesso no cultivo de trufas de Périgord. Em franco contraste com os sucessos do plantio das trufas de Périgord, os esforços para cultivar a espécie de trufas mais valorizada – a trufa branca italiana, que Mirko e Clinto procuravam e tem aroma especialmente intenso – falharam. Por razões que permanecem desconhecidas, essa espécie simplesmente se recusa a crescer em estufa. Por isso, o seqüenciamento de seu genoma, já quase concluído, poderia fornecer indícios para fazer a rainha das trufas crescer sob comando. Ao mesmo tempo, as trufas podem se tornar predominantes mesmo sem seu cultivo: conforme a terra aquece, os hábitats mais quentes e mais secos, dos quais elas se favorecem, vão se espalhar, preparando o cenário para aumento de produção e evolução acelerada. Assim, a mudança climática pode trazer benefício para alguns: mais trufas para os homens e para os animais.
 

Fonte: Scientific American

A vida secreta das trufas IV


[Continua] 

Fonte: Scientific American

A vida secreta das trufas III

Elas não apenas servem aos gourmets, mas desempenham papel essencial na saúde dos ecossistemas

O formato dela é visivelmente menos complexo que o do cogumelo. O fungo não precisa mais liberar a energia necessária para empurrar os tecidos que contêm os esporos para cima da terra num talo (estipe) ou desenvolver um chapéu (píleo) ou outra estrutura para produzir e liberar os esporos. A trufa não passa de uma pelota de tecido que contém os esporos, geralmente envoltos por uma pele protetora. O problema é que as trufas por si mesmas não conseguem liberar os esporos, pois estão presas em seu reino subterrâneo; o feito demanda um sistema de dispersão alternativo. E aqui repousa a complexidade do seu esquema. Durante milhões de anos em que as trufas se recolheram para dentro da terra, mutações levaram à formação de compostos aromáticos que atraem os animais. Cada espécie de trufa tem a própria diversidade de aromas, quase ausentes nos espécimes imaturos, mas que intensificam e emergem assim que os esporos amadurecem. Dos milhares de tipos de trufas existentes hoje, apenas algumas dúzias agradam aos homens. O resto é pequeno ou duro demais, ou o cheiro não é notável ou mesmo repugnante. No entanto, para outros animais, são irresistíveis, pois seu encanto olfativo se eleva do solo. Pequenos mamíferos como ratos, esquilos e coelhos no hemisfério norte, e cangurus-ratos, tatus e suricatos, no hemisfério sul, são os principais apreciadores de trufas. Mas seus companheiros maiores – veados, ursos, babuínos e wallabies, entre outros – também buscam os fungos escondidos. Os moluscos são igualmente atraídos pelas trufas. Os insetos podem se alimentar de trufas ou botar ovos nelas, para suas larvas já terem uma fonte de alimento assim que saírem.

Quando um animal come uma trufa, a maior parte da polpa é digerida, mas os esporos passam inteiros e são defecados no chão, onde poderão germinar se as condições forem favoráveis. Esse sistema de dispersão apresenta vantagens sobre o empregado pelos cogumelos. As fezes concentram os esporos, em contraste ao espalhamento mais difuso que ocorre com a disseminação aérea. Além disso, há maior possibilidade de as fezes serem depositadas nos mesmos tipos de áreas onde os animais se alimentam de trufas, em oposição ao transporte mais aleatório de esporos levados pelo ar. Essa semelhança de ambiente é benéfica por aumentar a probabilidade de os esporos pararem num local que tenha espécies adequadas de plantas onde as micorrizas se estabelecem. No entanto, nem todas as trufas se apoiam no perfume para atrair animais. Na Nova Zelândia, que sofre de falta de mamíferos nativos terrestres, algumas trufas evoluíram com tons arco-íris, imitando as cores das frutas valorizadas pelas aves locais. A trufa do fi lo Paurocotylis, por exemplo, afl ora na terra conforme se expande e fica no chão da floresta, semelhante a uma base de grãos vermelhos, redondos, das árvores Podocarpus, um dos alimentos prediletos das aves. (Embora esses fungos coloridos surjam acima do chão, ainda assim são considerados trufas por terem seus tecidos portadores de esporos envoltos numa pele e, portanto, dependerem de animais para dispersá-los.) No entanto, outro mecanismo de dispersão evoluiu dentro de alguns grupos de trufas, especialmente membros da onipresente família Elaphomycetaceae e Mesophelliaceae, endêmicas na Australia. Os esporos amadurecem como pó, em vez de um tecido carnudo, com poros. O pó da Elaphomyces granulatus, por exemplo, fica envolto numa casca grossa, que é consumida por animais, liberando os esporos. Algumas como a Mesophelliaceae têm uma estrutura semelhante; outras, como a Mesophellia glauca, exibem uma massa de esporos em pó, prensados entre uma casca externa fina e dura e um miolo comestível. Mesmo os esporos de trufas não consumidas podem circular. Após a maturação, apodrecem e se tornam uma suspensão viscosa e infestada de larvas no solo. Os invertebrados se alimentam desse tecido apodrecido ou passam por ele, absorvendo os esporos em seu caminho. Os esporos de trufa também viajam quando os predadores capturam uma pequena espécie que consome as trufas: corujas e gaviões podem carregar roedores repletos de trufas por distâncias consideráveis até seus ninhos ou refúgios, onde eles se alimentam da presa inteira ou a destripam e descartam as entranhas. De qualquer maneira, os esporos retornam ao solo, onde podem dar origem a novas trufas.
Eternamente Juntos
As experiências na evolução das trufas foram extraordinariamente semelhantes tanto no hemisfério norte quanto no sul, apesar de terem ocorrido muito tempo após a separação dos continentes. As plantas hospedeiras nessas regiões são totalmente diferentes: pinheiros, faias e carvalhos, por exemplo, se associam com as trufas no norte, enquanto no sul esse papel é desempenhado pelos eucaliptos e faias sulinas. As espécies de trufas e animais são igualmente distintas nos dois hemisférios. Mesmo assim, os ecossistemas e seus componentes – árvores, trufas e animais – têm um comportamento bastante similar. A maior diversidade conhecida dentre as trufas ocorre nas áreas temperadas da Europa mediterrânea, no oeste da América do Norte e na Austrália (embora a maior parte da Ásia, África e América do Sul permaneça ainda inexplorada pelos pesquisadores de trufas). O clima nessas áreas se caracteriza por invernos amenos e chuvosos e verões quentes e secos. As estações de frutificação dos fungos geralmente são a primavera e o outono, quando o clima tende a se comportar de modo irregular: em alguns anos, ocorrem estiagens quentes e secas e em outros há geadas, sendo as duas condições prejudiciais aos cogumelos. Assim, nessas regiões, com o passar do tempo, a seleção natural favoreceu os fungos que buscaram refúgio sob a superfície. Não se sabe ao certo quando exatamente surgiram as primeiras trufas, mas os cientistas já descobriram alguns indícios sobre as suas origens. Os fósseis de ectomicorrizas mais antigos registrados datam de aproximadamente 50 milhões de anos atrás. E os ancestrais dos pinheiros e de outras árvores atuais com as quais as trufas estabelecem relações essenciais surgiram há uns 85 milhões de anos.

Podemos presumir então que as trufas apareceram em algum ponto entre 85 milhões e 50 milhões de anos atrás. Por causa dessa longa associação entre trufas e plantas, não é nenhuma surpresa que os fungos desempenhem um papel importante na ecologia de muitos hábitats. Eles são essenciais não só para a existência de inúmeras espécies de plantas, como também de animais, que acabaram por depender deles como fonte de alimento. Nos Estados Unidos, ao menos um animal, o Myodes californicus, um rato-do-mato, depende quase que exclusivamente das trufas para a subsistência. O esquilo-voador-do-norte, encontrado na América do Norte, também se alimenta principalmente de trufas, quando as encontra na Natureza. Do outro lado do globo, na Austrália, um marsupial conhecido como potoru- de-patas-longas, sobrevive com uma dieta composta por 95% de trufas. Seus primos marsupiais, os cangurus-ratos e os bandicoots (rato-porco), também dependem muito das trufas. Muitos outros animais do mundo todo têm por rotina suplementar suas fontes primárias de alimento com esses fungos. A evolução do conhecimento dos cientistas sobre a relação íntima entre trufas, plantas hospedeiras e animais portadores orienta igualmente os esforços tanto dos produtores quanto dos conservacionistas. No Oregon, na década de 80, Mike Castellano, do Serviço Florestal americano, e Mike Amaranthus, do Mycorrhizal Applications, e seus colegas começaram a montar um viveiro de mudas com os esporos de trufas da resistente espécie Rhizopogon, para ajudar as mudas a resistir à seca e a outras condições estressantes nas plantações.

[Continua] 

Fonte: Scientific American

A vida secreta das trufas II


Elas não apenas servem aos gourmets, mas desempenham papel essencial na saúde dos ecossistemas.

[Continua] 

Fonte: Scientific American
 

A vida secreta das trufas I

Elas não apenas servem aos gourmets, mas desempenham papel essencial na saúde dos ecossistemas

 É um dia frio de novembro perto de Bolonha, Itália. Caminhamos pelo bosque com o trufeiro Mirko Illice e seu cãozinho, Clinto, que corre para a frente e para trás, em meio aos carvalhos. Ele cheira a terra, para, depois corre de novo. De repente, começa a escavar furiosamente com as duas patas. “Ah, encontrou uma trufa branca italiana”, Mirko explica. “Ele usa as duas patas quando depara com uma delas.” Com jeito, Mirko afasta o cachorro agitado do local e enfia a mão na terra. Extrai uma pelota marrom- amarelada, do tamanho de uma bola de golfe e a cheira. “Benissimo, Clinto”, Mirko exclama. Embora não seja o exemplar mais sofisticado da espécie, o Tuber magnatum – que cresce apenas no norte da Itália, na Sérvia e na Croácia – descoberto por Clinto atingirá o belo preço aproximado de US$ 50 no mercado de sábado. No decorrer da história, as trufas se impuseram no cardápio e no folclore. O faraó Quéops as servia em sua mesa real. Beduínos, bosquímanos do Kalahari e aborígines australianos procuravam-nas por incontáveis gerações no deserto. Romanos as saboreavam, acreditando serem produzidas pelos trovões. Gastrônomos modernos valorizam as trufas pelo seu sabor e aroma de terra, sempre dispostos a pagar preços altos no mercado: recentemente, mais de US$ 3 mil por quilo da variedade branca italiana. No entanto, apesar do interesse duradouro pelos fungos, grande parte de sua biologia ainda permanece envolta em mistério. Mas, nas últimas duas décadas, análises genéticas e observações de campo esclareceram origens e funções desses organismos, revelando que desempenham papel essencial em vários ecossistemas. Essas descobertas sugerem estratégias para preservar algumas espécies ameaçadas, que ainda permanecem entre esses seres alienígenas do subterrâneo.

Um Fungo Entre Nós
 
As trufas, assim como os cogumelos, são os frutos dos fungos. Esses órgãos carnudos, estruturas reprodutivas temporárias que produzem esporos, por fim germinarão, dando origem a novos descendentes. A diferença entre trufas e cogumelos é que os frutos das primeiras, repletos de esporos, se formam abaixo do solo e não acima. Tecnicamente, as trufas verdadeiras são os fungos que pertencem ao filo Ascomycota, vendidas como alimento. Porém há fungos parecidos com as trufas ou as “trufas falsas” do filo Basidiomycota que funcionam como as verdadeiras. Por causa dessas semelhanças, referimo-nos a todos os cogumelos carnudos que frutificam debaixo da terra como trufas. Os esforços científicos para revelar os segredos das trufas datam do século 19, quando potenciais trufeiros pediram ao botânico Albert Bernhard Frank que descobrisse como essas iguarias se propagavam. Os estudos de Frank revelaram que os fungos crescem sobre e dentro das minúsculas raízes nutridoras usadas pelas árvores para absorver água e nutrientes do solo. Com base nessas observações, propôs que os organismos mantêm uma relação simbiótica, na qual cada um fornece nutrientes ao outro. Ele ainda postulou que essa relação entre fungos subterrâneos e plantas é generalizada e modela o crescimento e a saúde de muitas comunidades botânicas. As teorias de Frank contradiziam o senso comum sobre trufas e outros cogumelos, ou seja, que introduziriam doenças e podridão nas plantas – e atraíram considerável oposição de seus colegas. Porém, embora quase um século se passasse antes que os acadêmicos tivessem evidências definitivas, Frank estava certo. Todas as trufas e cogumelos produzem uma rede de filamentos, ou hifas, que crescem entre as raízes das plantas, formando um órgão compartilhado de absorção conhecido como micorrizas. Assim juntos,o fungo fornece nutrientes preciosos e água às plantas, e suas minúsculas hifas conseguem alcançar bolsões de solo inacessíveis às raízes muito maiores das plantas.

A planta, por sua vez, fornece à trufa associada açúcares e outros nutrientes sintetizados pela fotossíntese, produtos de que os fungos precisam, mas não conseguem processar sozinhos por não fazerem a fotossíntese. Essa parceria é tão benéfica que quase todas as árvores e outras plantas lenhosas necessitam dela para a sobrevivência, assim como os fungos associados. A maioria das plantas herbáceas (as que não têm um caule lenhoso acima do solo) forma também micorrizas, embora com fungos diferentes. Muitas espécies de fungos, inclusive as que produzem as trufas, formam uma variante de micorriza denominada ectomicorriza, na qual o fungo envolve as raízes nutridoras com um tecido externo protetor. A diversidade dessas ectomicorrizas de Basidiomycotas é impressionante: um dos autores (Trappe) estima que cerca de 2 mil espécies estejam associadas com a pseudotuga (conífera usada para madeira e árvores de Natal) e provavelmente com tantos ou mais tipos Os esforços científicos para revelar os segredos das trufas datam do século 19, quando potenciais trufeiros pediram ao botânico Albert Bernhard Frank que descobrisse como essas iguarias se propagavam.

Os estudos de Frank revelaram que os fungos crescem sobre e dentro das minúsculas raízes nutridoras usadas pelas árvores para absorver água e nutrientes do solo. Com base nessas observações, propôs que os organismos mantêm uma relação simbiótica, na qual
cada um fornece nutrientes ao outro. Ele ainda postulou que essa relação entre fungos subterrâneos e plantas é generalizada e modela o crescimento e a saúde de muitas comunidades botânicas. As teorias de Frank contradiziam o senso comum sobre trufas e outros cogumelos, ou seja, que introduziriam doenças e podridão nas plantas – e atraíram considerável oposição de seus colegas. Porém, embora quase um século se passasse antes que os acadêmicos tivessem evidências definitivas, Frank estava certo. Todas as trufas e cogumelos produzem uma rede de filamentos, ou hifas, que crescem entre as raízes das plantas, formando um órgão compartilhado de absorção conhecido como micorrizas. Assim juntos, de associações apenas nos eucaliptos australianos. Inúmeras outras espécies de árvores, importantes comercial e ecologicamente, também se apoiam nos fungos com ectomicorrizas. A maioria dos fungos frutifica acima do solo como cogumelos, mas milhares de espécies produzem trufas.

Nos Subterrâneos
 
Comparações em termos de morfologia e sequências genéticas das espécies de trufas e cogumelos indicam que a maioria das trufas evoluiu dos cogumelos. Mas já que as trufas necessitam da dispersão de seus esporos acima do solo para se propagar, por que a seleção natural favoreceria a evolução de espécies que se escondem abaixo da terra? Vamos considerar a estratégia reprodutiva dos cogumelos. Embora os cogumelos exibam uma enorme variedade de estruturas e cores, todos têm corpos de frutificação que podem liberar esporos diretamente no ar. Os esporos soltos no ar podem então repousar perto ou longe para germinar e potencialmente estabelecer uma nova colônia em associação com as raízes de uma planta hospedeira compatível. É uma abordagem altamente eficiente. No entanto, a estratégia do cogumelo não é infalível. A maioria dos cogumelos tem pouca defesa contra os perigos ambientais como calor, ventos secos, geada e animais forrageiros. Todos os dias alguns esporos amadurecem e são liberados. Mas, se o tempo inclemente secar ou congelar um cogumelo, a produção de esporos geralmente cessa. Quando esses perigos se tornaram comuns, surgiram novas adaptações evolucionárias. A alternativa mais bem sucedida foi o fungo frutificar embaixo da terra. Assim que o solo estiver úmido para formar o corpo de frutificação subterrâneo, ele é isolado dos caprichos climáticos. A trufa se desenvolve com relativa facilidade, continuando a produzir e a nutrir os esporos mesmo quando as condições acima do solo se tornam intoleráveis aos cogumelos. À primeira vista, a solução da trufa pode parecer fácil.

[Continua] 

Fonte: Scientific American