Pesquisa sugere que vacina baseada no revestimento de carboidrato do HIV forçaria o corpo a reconhecer a rápida mutação do vírus.
As cadeias de moléculas de açúcar (ou carboidratos) que revestem a parte externa do vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana) permanecem constantes. Elas são diferentes daquelas encontradas nas moléculas humanas e poderiam servir de base para uma promissora vacina contra a Aids (Síndrome da imunodeficiência adquirida), é o que aponta uma pesquisa conduzida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Os pesquisadores sugerem que uma vacina baseada no revestimento de carboidrato do HIV, imutável, poderia forçar o organismo a reconhecer a rápida mutação do vírus HIV e combater qualquer infecção. "Estamos acostumados a vacinas contra a gripe, que são reformuladas a cada ano por causa de novas estirpes do vírus," disse o doutor Chris Scanlan, do Departamento de Bioquímica da Universidade de Oxford, que liderou a pesquisa.
"Mas você vai ver mais diversidade viral se desenvolver em um único paciente HIV em um dia, que você viu em toda a estação de gripe deste ano e em todo o território do Reino Unido. Isso é um desafio para o desenvolvimento de uma vacina contra o HIV". Doutor Scanlan acredita que esta pesquisa pode levar a uma nova abordagem na produção de uma vacina promissora contra a Aids. "Nós encontramos algo que não muda em todas as classes de HIV - a partir dos vírus encontrados nos Estados Unidos até aqueles em Uganda - e isso é algo que pode ser feito e manufaturado."
Os pesquisadores conseguiram, pela primeira vez, isolar o revestimento de carboidrato a partir de amostras vivas do vírus HIV-1, que representam os vírus típicos encontrados em diferentes partes do mundo, e analisar sua estrutura química. Eles descobriram que os carboidratos são únicos e estão presentes em todas as classes do HIV-1. Notaram também que os padrões do açúcar viral são completamente diferentes dos encontrados nas células humanas. A equipe mostrou ainda que as vacinas que estão sendo desenvolvidas contra o HIV não têm as mesmas estruturas de carboidratos em suas formulações e por isso não podem imitar este elemento do vírus de forma adequada.
"A densa nuvem de carboidratos que cobre o vírus tem sido chamada de ´camuflagem de carboidratos´, porque as cadeias de hidratos de carbono são semelhantes aos do lado de fora das células do próprio corpo, e assim eles normalmente não são reconhecidos pelo sistema imunológico", explicou o doutor Scanlan. "Nós mostramos que a camuflagem do HIV pode ser falha. Os hidratos de carbono em um vírus de HIV são diferentes para as células do próprio corpo e isso pode nos dar uma oportunidade para atacar".
Os cientistas apostam na possibilidade de educar o sistema imune para essas diferenças, incluindo sinais de perigo na formulação das vacinas para forçar o sistema imunológico a reconhecer determinadas estruturas de carboidratos. A equipe agora tenta desenvolver versões sintéticas do carboidratos que revestem o HIV em laboratório, que combinados a um adjuvante (fator que aumenta a resposta imune) possibilitará a vacina.
Fonte: Isaúde