Tudo que queria saber sobre engenharia genética e ninguém deixou.. VI

Promotores

Mesmo quando o pacote do gene foi introduzido em uma região ativa, o gene do traço pode expressar-se fracamente ou em graus variados (isto é, a produção da proteína correspondente não é suficiente nem estável). Portanto, para assegurar-se de que o gene do traço se expresse persistentemente, um promotor é adicionado ao pacote de inserção.

Os promotores são partes naturais dos cromossomos. Sua função é realçar a atividade de um determinado gene. Normalmente estão sob o controle dos genes reguladores que os ligam e desligam. Mas na engenharia genética os reguladores correspondentes não estão normalmente presentes porque o promotor vem de uma outra espécie. Isto significa que o promotor exercerá sua influência estimulando forte e persistentemente o gene do traço. Isto é basicamente artificial porque as atividades de todos os genes são reguladas normalmente em resposta às condições na célula. Significa que o sistema de ajuste fino do equilíbrio celular
está permanentemente alterado a este respeito.

O promotor usado, geralmente em plantas geneticamente projetadas, é o promotor do vírus do mosaico da couve-flor (CaMV). É um promotor forte que tem uma elevada compatibilidade com as espécies. Um problema potencial, entretanto é que o ADN do vírus do promotor pode se combinar com outros vírus infectantes criando novos vírus ".

Além disso, o efeito do promotor CaMV pode não estar sempre limitado ao gene pretendido. Sua influência forte pode ativar os genes vizinhos, causando complicações não pretendidas e inesperadas inclusive, no pior caso, a produção de substâncias perigosas.
 
Genes de penetração em barreiras

A célula tem a habilidade de identificar os genes que são estranhos à espécie. Há fortes mecanismos que impedem que tais genes se combinem com o genoma. Eles destroem genes estranhos, impedem sua replicação, ou cortam e inativam um gene não reconhecido que possa se introduzir. Isto é chamado de "barreira da espécie". Esta barreira é uma dificuldade principal na engenharia genética. Para superá-la, a tecnologia do gene inventou várias combinações de genes que têm a habilidade de promover a penetração na barreira da espécie. Consistem em genes de vírus ou de bactérias que facilitam a inserção de genes estranhos no ADN de um anfitrião novo.

Uma complicação importante é que estes genes podem se espalhar na natureza e contribuir para aumentar as transferências entre as espécies. Sugere-se que isto pode promover o emergência of novas bactérias, veja "Horizontal transfer of viral and bacteria ADN facilitated by GE organisms?". Outra complicação é que os vírus inseridos nos genes podem se recombinar com vírus infectantes e gerarem novos vírus e, portanto novas doenças, veja em New viruses may be created in GE-crops".
Imprevisível
A aleatoriedade da inserção torna impossível predizer seus efeitos. Mesmo que a localização do gene inserido seja conhecida. Os conhecimentos em biologia molecular são muito incompletos para se poder predizer os efeitos da inserção, veja "Knowledge of the hereditary substance, ADN, is very limited". A engenharia genética, de fato, é baseada numa teoria obsoleta sobre os genes, que subestima as conseqüências da inserção de um gene em um ambiente inteiramente novo. Ela desconsidera que há muito mais interdependência entre os
genes do que se supunha. Isto impossibilita considerar um gene como um simples transportador de um traço específico. Na verdade, o mesmo gene pode ter diferentes efeitos em ambientes diferentes, veja "The outdated basis of genetic engineering".

Ademais, há fatores adicionais que contribuem para a imprevisibilidade. Um deles é que o promotor não somente influencia a atividade do gene inserido, mas também promove a atividade de genes adjacentes do receptor. Isto pode provocar desequilíbrios metabólicos importantes que podem gerar substâncias danosas inesperadas.

A inserção de seqüências de instruções genéticas estranhas na ajustada sincronia da genética do organismo receptor pode romper o controle fino sobre outros processos metabólicos exercido pelo ADN. Isto pode gerar substâncias danosas inesperadas. Veja mais em "Why unpredictable substances may appear". 
 
Conclusão

A tecnologia dos genes ainda é, atualmente, um método muito imperfeito de mudar a configuração genética de um organismo. Está baseada na suposição incorreta que os genes são meros transportadores de propriedades específicas. Na verdade, as propriedades geradas por um gene são decidias pela interação com o seu meio ambiente, portanto, é impossível “transferir propriedades” de uma espécie a outra de forma previsível através da engenharia genética. A inserção de genes é ao acaso e, como o efeito de um gene depende do ADN de sua vizinhança, isto leva a resultados imprevistos. Ademais, o conhecimento em
biologia molecular é ainda muito incompleto para torná-la apta a prever os efeitos de um gene inserido, mesmo que se saiba o exato local de inserção. Para se obter a inserção bem sucedida de um gene é necessário inserir outros genes o que aumenta a imprevisibilidade. Estes genes adicionados no “pacote de inserção” podem dar origem a problemas muito sérios inclusive a criação de novos vírus e bactérias.

Portanto a engenharia genética não é simplesmente a adição de algum “traço desejado” como pretendem os defensores da biotecnologia. É a inserção aleatória de um conjunto de genes estranhos ou de fragmentos de genes, dos quais um apenas é o gene do “traço desejado”. É impossível, atualmente, introduzir apenas o “traço desejado” de espécies estranhas ao receptor. Na verdade tais manipulações genéticas têm efeitos imprevisíveis no organismo tanto quanto um potencial de problemas para o meio ambiente.
 
Fonte: Physicians and Scientists for Responsible Application of
Science and Technology - A Global Network -

http://www.psrast.org/

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