Transtorno psiquiátrico pode afetar capacidade de identificar expressões faciais

É difícil alguém chegar ao consultório do médico ou do psicólogo se queixando de que não consegue reconhecer expressões faciais. Mas, acredite, isso acontece e pode gerar problemas sérios de relacionamento.

"Se você não identifica a raiva no rosto do outro, você o leva ao limite. E isto, sim, é motivo constante de reclamação”, conta a psicóloga Cristiana Rocca, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo).
De acordo com a psicóloga, a dificuldade pode ter relação com algum problema psiquiátrico, como é o caso do transtorno bipolar, caracterizado por altos e baixos no humor.

Você identifica emoções com rapidez?

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Homem expressa diferentes moções; um teste elaborado por Paul Eckman, professor de psicologia da Universidade da Califórnia, ajuda a treinar a capacidade de identificá-las com rapidez

Crianças

Rocca está conduzindo um estudo com crianças bipolares. "Elas não conseguem compreender muito bem expressões neutras ou de raiva, principalmente”, explica.
O trabalho conta com 120 crianças: 40 com bipolaridade, outras 40 com TDAH (transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade), mais 40 com "desregulagem grave de humor " (uma doença recentemente diagnosticada que deixa crianças muitos irritadas) e, por fim, 40 sem nenhuma patologia, para o grupo de controle.

Todas as crianças são convidadas a observar expressões faciais e dizer qual emoção condiz com a fisionomia da foto. “Geralmente crianças com distúrbios demoram ou não conseguem identificar sinais no rosto de alegria, tristeza, raiva e medo”, comenta. Essas são as emoções trabalhadas na primeira fase do estudo.

A partir dos seis meses de idade, bebês já conseguem identificar expressões em rostos, compreendendo emoções. O reconhecimento de faces, que tem como objetivo a identificação da mãe, ocorre já nos primeiros dias de vida.

A psicóloga diz que o uso de faces infantis ou adultas não interfere no resultado, segundo pesquisa de Ellen Leibenluft, chefe da seção de transtorno bipolar do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA.

Rocca acredita que o próximo passo para estudos de reconhecimento facial seja com a apresentação de vídeos, e não de fotos, nos testes. “Seria mais próximo da vida real se tivéssemos um rosto neutro que vá demonstrando uma emoção. Mas para isso seria necessário criar um novo paradigma”, afirma.

Fonte: UOL Notícias Online

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