O universo luminoso dos fungos bioluminescentes VI

Embora o desenvolvimento na área de micologia básica seja evidente, ainda é insatisfatória a quantidade de pesquisadores atuando no Brasil. Os centros de pesquisa com fungos no país estão concentrados nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Mas as regiões Norte e Centro-Oeste, que somam quase 65% do território nacional, têm menos de 10% desses pequisadores. A consequência mais óbvia dessa situação é que não se sabe se espécies valiosas, do ponto de vista econômico, cultural e ambiental, correm risco de extinção com o desmatamento da Amazônia e alterações impostas pelo aquecimento global. Com boa dose de otimismo, acreditamos que essa carência poderá ser reduzida em um futuro próximo se houver maior integração entre os micólogos das diferentes regiões do país, promovendo cursos, simpósios e produção de material didático de qualidade.

Mas mesmo essas iniciativas não são suficientes por si. Sem o apoio dos governos federal e estadual, que poderiam priorizar investimentos nessa área estratégica de pesquisa, buscando a ampliação, valorização e consolidação do quadro de profissionais, esse progresso é quase insignificante. Aqui tentamos enfatizar a dimensão de riquezas ainda desconhecidas que herdamos em nosso berço esplêndido. Sim, somos gigantes pela própria natureza e nossos bosques têm mesmo muita vida. Mas temos uma ideia razoável da diversidade de espécies de fungos, por exemplo, que o Brasil abriga?

Lamentavelmente, essa resposta ainda é desconhecida, ainda que se trate de conhecimento estratégico para o conjunto da humanidade.

CONCEITOS-CHAVE 
 
- A história envolvendo a descoberta de fungos luminosos no Brasil começou com o biólogo João Ruffin Leme de Godoy. Ele descobriu que na região do Vale do Ribeira, em São Paulo, esses organismos ocupavam uma enorme jabuticabeira (Eugenia fluminensis).

- Em geral, as espécies de fungos bioluminescentes ocorrem em ambientes florestais úmidos, pois dependem da umidade para se alimentar, crescer e reproduzir. A maioria dos fungos bioluminescentes é saprófita, ou seja, alimenta-se de matéria orgânica morta de origem vegetal.

- Os fungos bioluminescentes estão distribuídos em três linhagens (mas possivelmente são quatro), confirmando a ideia de que a bioluminescência, nos fungos, algumas vezes, evoluiu independentemente.

- Entre os organismos bioluminescentes, os fungos são os menos conhecidos: não se sabe muito sobre o mecanismo das reações químicas associadas a esse processo, nem por que ele ocorre.
 
 
Continua...



Fonte: Scientific American Brasil Online

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