Colírio Pode Ameaçar a Visão

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o quinto maior consumidor internacional de remédios. Uma parcela significativa dos brasileiros utiliza medicamentos por automedicação e sofre as consequências disso. 

No caso da saúde ocular, segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, a cada ano, durante o verão, 40% dos pacientes chegam às consultas usando colírio indicado por um amigo ou com base em uma indicação anterior em boa parte dos casos feita para alguém da família.

As pessoas, no Brasil, não veem o colírio como um remédio porque todas as fórmulas lubrificam os olhos. Mesmo que cause ardência ao entrar em contato com o olho, o colírio acaba melhorando momentaneamente o conforto visual, diagnostica o médico. 

O problema, acrescenta ele, começa aí: o alívio é muito rápido e as pessoas acabam exagerando no número de aplicações. O resultado é que, quanto mais o utilizam, maior o desconforto produzido pela concentração e toxicidade dos conservantes.
 

O uso indiscriminado e contínuo desse medicamento pode provocar graves problemas na visão. Os principais são: catarata e glaucoma, quando a fórmula contém corticoide; catarata, quando é um vasoconstritor indicado para deixar o olho claro; olho vermelho crônico, como efeito da toxicidade dos conservantes que levam ao ressecamento da lágrima; e alterações na superfície ocular, como ceratite (inflamação da córnea), simbléfaro (aderência da pálpebra ao globo ocular) ou espessamento da margem palpebral.
 

O médico acrescenta que os sintomas de toxicidade incluem sensação de areia nos olhos, ardência, sensibilidade à luz e visão turva. Quando uma irritação ocular melhora, no início do tratamento, mas depois piora, é necessário interromper o medicamento, para verificar se o agravamento está associado ao colírio ou à evolução da doença. 

Nos casos em que os sintomas persistem, significa que a doença progrediu. Então o oftalmologista substitui o colírio por outro sem conservante ou com conservante virtual que desaparece ao entrar em contato com a superfície ocular, tornando o produto adequado para o uso prolongado.
 

Queiroz Neto detalha que entre portadores de glaucoma o desconforto provocado por conservantes dos colírios leva à metade das interrupções de tratamento e pode produzir cegueira irreversível. Por isso, é uma doença que deve ter acompanhamento médico semestral ou anual, de acordo com a gravidade. 

O glaucoma de ângulo aberto, tipo mais comum da doença, tem como principal fator de risco o aumento da pressão interna do olho que lentamente lesa o nervo ocular até a completa cegueira. Os colírios e procedimentos cirúrgicos não restauram a visão, mas são a única forma de interromper a evolução da doença.
 

O procedimento para melhorar o conforto no tratamento do glaucoma varia conforme a classe farmacológica do colírio que está sendo usado e só pode ser adotado sob supervisão médica.
 

Queiroz Neto diz que a maioria dos portadores de glaucoma sofre de olho seco. Assim, independentemente do colírio utilizado, a recomendação é ingerir cápsula de óleo de linhaça para melhorar a qualidade da lágrima e diminuir o desconforto provocado por colírios.
Fonte: Scientific American Brasil

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